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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Realização do Sarau Brinquelê

O Sarau Brinquelê cuminou no encerramento da nossa disciplina Literatura Infantil. Nesse sarau pudemos apreciar várias poesias, música ao vivo com flauta e violão, sussurrador de poesia etc. Todos que compareceram ao sarau puderam participar lendo uma linda poesia.
Segue fotos para que vocês vejam como se deu o nosso sarau.









domingo, 21 de outubro de 2012

Que tal curtir uma poesia?


A velhice


 
O neto:
Vovó, por que não tem dentes?
Por que anda rezando só.
E treme, como os doentes
Quando têm febre, vovó?
Por que é branco o seu cabelo?
Por que se apóia a um bordão?
Vovó, porque, como o gelo,
É tão fria a sua mão?
Por que é tão triste o seu rosto?
Tão trêmula a sua voz?
Vovó, qual é seu desgosto?
Por que não ri como nós?

A Avó:
Meu neto, que és meu encanto,
Tu acabas de nascer...
E eu, tenho vivido tanto
Que estou farta de viver!
Os anos, que vão passando,
Vão nos matando sem dó:
Só tu consegues, falando,
Dar-me alegria, tu só!
O teu sorriso, criança,
Cai sobre os martírios meus,
Como um clarão de esperança,
Como uma benção de Deus!


Olavo Bilac
In: Poesias Infantis

RJ: Francisco Alves, 1929.

sábado, 13 de outubro de 2012

Sarau Brinquelê

Olá pessoal,
Nós convidamos vocês para participarem do Sarau Brinquelê, esse sarau será feito como fechamento da disciplina que deu origem a esse blog que é a de Literatura Infantil. O evento ocorrerá na UFAL-AL,  no bloco do CEDU, na sala de leitura, no dia 17/10/2010 das 17:00 as 19:00. Será um encontro cultural muito legal, contamos com a presença de vocês.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Projeto “Livro falado”



Olá pessoal, hoje pesquisando na internet, conheci mais um projeto de leitura o “Livro falado”. Esse projeto é muito interessante.  Ele é voltado para a inclusão de deficientes visuais. Esse projeto é uma forma de driblar essa limitação, pois afinal de contas todos têm o direito de apreciar um bom livro. A coleção reuni obras de vários autores famosos como: Machado de Assis, João Cabral de Melo e outros, esse projeto reverteu esses livros escritos em livros falados.


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Projeto ”Livro livre”


Lançado na pinacoteca de Santos, esse projeto visa o incentivo a leitura com a circulação, pela cidade, de milhares de exemplares de livros esquecidos nas prateleiras de casa. Esse projeto funciona da seguinte forma: vários livros são deixados em locais de livre acesso como os bancos de praças e da orla, acentos de ônibus, em cafés, bares, restaurantes e outros lugares inusitados, prontos para serem levados para casa e, depois, devolvidos em outros locais.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Projeto Livro de Rua


O objetivo do Projeto Livro de Rua é democratizar a leitura. Para tal, esse projeto consiste em disponibilizar livros em locais estratégico de livre acesso ao público como: ONGs, padarias, igrejas, lanchonete etc. A intenção é que a pessoa tenha a curiosidade de ler o livro e o leve pra casa e depois de lide possa devolvê-lo ou passar pra outra pessoa, sem o menor custo.



domingo, 17 de junho de 2012

Para que serve a literatura infantil?





       Falar de literatura é falar de arte e para muitos a arte não tem valor principalmente no mundo de hoje onde a utilidade prática das coisas fala mais alto. Sendo assim, para que serve a literatura infantil?

       Essa pergunta é título de um texto de Graça Paulino Profª da FAE UFMG. A autora começa seu texto falando que a literatura é uma arte e, como tal, possui um valor artístico que, quando apreciado, ajuda a desenvolver a sensibilidade do leitor. Isso implica dizer que a experiência artística atinge não somente o autor que escreve a obra, mas também o leitor. No entanto, há quem diga que a arte não tem uma utilidade prática e que por isso é uma perca de tempo e tempo é dinheiro. Outros dizem que a arte só tem valor se gerar lucros financeiros. No entanto a autora se opõe a essas afirmações ressaltando que
O prazer e o crescimento humano que uma experiência artística pode trazer nunca seriam perda de tempo. Tempo é muito mais que dinheiro, porque a nossa vida inteirinha se faz do tempo, a nossa realização intelectual se faz no tempo, assim como nossos amores, nossas tristezas, nossos sonhos, nossas amizades, nossas brincadeiras (PAULINO; 1999).
       Muitos marginalizam a experiência artística que a literatura infantil proporciona as crianças por não saber da sua importância, pois a leitura literária ajuda a desenvolver na criança a capacidade de interpretação de diversos textos fazendo com que essa crianças vá além da cartilha, além disso, o prazer que a literatura proporciona a criança faz com que a mesma possa ler não só na escola mas também fora dela.
Quando uma criança aprende a ler, seu acesso a qualquer tipo de texto escrito está, aparentemente, garantido. Todavia, pode acontecer que ela não saiba ler textos diferentes daqueles da cartilha. Ela pode chegar ao gênero “texto didático” e daí não passar. E pode associar tanto a leitura às suas obrigações escolares, que se mostre incapaz de ler quando sair da escola. Isso não ocorreria, se a criança desenvolvesse o gosto e as habilidades próprias da leitura literária (PAULINO, 1999).
       Desenvolver na criança o gosto pela leitura, atualmente, é um dos maiores desafios da escola e para isso, a escola tem uma grande aliada que é a literatura infantil, cabe à escola, sabendo da importância dessa literatura se empenhar num trabalho em conjunto para desenvolver atividades pedagógicas com leitura literária.

Referência: PAULINO, Graça. Para que serve a literatura infantil? PRESENÇA PEDAGÓGICA, v.5, n.25, 1999.

domingo, 20 de maio de 2012

Saiba quem é Lygia Bojunga e conheça um de seus interessantes textos - Tchau


Biografia de Lygia Bojunga

Lygia Bojunga Nunes (Pelotas RS 1932). Autora de literatura infantil e juvenil. Aos 8 anos muda-se com a família para o Rio de Janeiro. Em 1951, torna-se atriz da Companhia de Teatro Os Artistas Unidos, viajando pelo interior do Brasil. Preocupada com o alto índice de analfabetismo no país, funda uma escola para crianças carentes, a Toca, que dirige por cinco anos. Estréia em 1972, com o livro Os Colegas e, já em 1982, torna-se a primeira autora, fora do eixo Estados Unidos-Europa, a receber o Prêmio Hans Christian Andersen, uma das mais relevantes premiações concedidas para o gênero infantil e juvenil Funda, em 2002, a Casa Lygia Bojunga, exclusivamente para editar suas publicações. Pelo conjunto de sua obra, em 2004, ganha o Astrid Lindgren Memorial Award, prêmio criado pelo governo da Suécia, jamais antes outorgado a um autor de literatura infantil e juvenil. Sua produção literária caracteriza-se pela transgressão de fronteiras entre a fantasia e a realidade, e aborda questões sociais contemporâneas com lirismo e humor.

Tchau - Lygia Bojunga 
1. O buquê

A campainha tocou. Rebeca correu pra abrir a porta. Até se admirou de ver um buquê tão bonito.
- Mãe! - ela gritou - chegou flor pra você. - Fechou a porta.
A Mãe veio correndo da cozinha e pegou o buquê. Tinha um envelope preso no papel; a Mãe tirou depressa um carrão lá de dentro, leu. O telefone tocou; a Mãe largou tudo e foi atender.
Rebeca quis ler o cartão. Mas estava escrito em língua estrangeira, era francês? Olhou pra assinatura: Nikos. Lembrou de unia voz estrangeira que andava telefonando, chamando a Mãe. Botou devagarinho o cartão em cima do envelope; foi chegando disfarçado pra perto do telefone, sem tirar o olho da Mãe. Franziu a testa: a Mãe estava parecendo nervosa, encabulada, mas muito mais bonita de repente!
Rebeca foi se esquecendo de prestar atenção na língua estrangeira que à Mãe estava falando pra só ficar assim: olhando: curtindo a Mãe.
A conversa no telefone acabou.
A Mãe voltou logo pra junto das flores.
- Coisa linda esse buquê, não é Rebeca?
- É.
- Com esse calor é melhor botar ele logo dentro d'Água. - Foi indo pra cozinha.- Você não quer me ajudar a arrumar o vaso?
Rebeca ficou parada.
A mãe olhou para ela; parou também: assim meio abraça com o buquê.
E durante um tempo as duas ficaram se olhando.
Rebeca então foi indo distraída para a cozinha.
A Mãe (distraída também) pegou um vaso, encheu de água.
E as duas arrumaram as flores devagar, sem falar nada; sem levantar o olho do vaso.

2. Na beira do mar
As duas tinham saído pra fazer compras, a Mãe e a Rebeca. E na volta a Mãe falou:
- Quem sabe a gente vai andando pela praia?
Atravessaram a rua, tiraram o sapato, entraram na areia. E foram andando pela beira do mar.
Rebeca a toda hora olhava pra trás pra ver o caminho que o pé ia marcando na areia.
E a Mãe olhando pro mar e mais nada.
Era de tardinha. Não tinha quase ninguém na praia.
E teve uma hora que a Mãe convidou:
- Vamos descansar um pouco?
Sentaram. Rebeca logo brincou de fazer castelo.
E a Mãe olhando pro mar. Olhando. Até que no fim ela disse:
- Rebeca, eu vou me separar do pai: não tá dando mais pra gente viver junto.
Rebeca largou o castelo; olhou num susto pra Mãe.
- Neste último ano tudo ficou tão ruim entre o pai e eu. Eu sei que ele sempre teve paixão por música, eu já conheci ele assim. Mas desde que o Donatelo nasceu que ele só vive às voltas com aquele violino! é só tocar, estudar, compor, ensaiar; ele me deixou sozinha demais. - Pegou a mão da Rebeca.
Mas a mão da Rebeca escapou.
- Sozinha, como? e eu? e o Donatelo? a gente tá sempre junto, não tá? nós três. E quando o pai não tá com a orquestra, ele também tá sempre em casa. Então? nós quatro. Sozinha por quê?
- E que... eu não sei como é que eu te explico direito, mas... ah, Rebeca, eu ando tão confusa! - Apertou a boca e ficou olhando pro mar.
Rebeca esperando.
Esperando.
De repente a Mãe ficou de joelhos, agarrou as duas mãos da Rebeca e foi despejando a fala:
- Eu me apaixonei por um outro homem, Rebeca. Eu estou sentindo por ele uma coisa que nunca! nunca eu tinha sentido antes. Quando eu conheci o teu pai eu fui gostando cada dia mais um pouco dele, me acostumando, ficando amiga, querendo bem. A gente construiu na calma um amor gostoso e foi feliz uma porção de anos. E mesmo quando eu reclamava que ele gostava mais da música do que de mim, eu era feliz...
- O pai adora você! você não pode...
-...e mesmo no tempo que o dinheiro era super apertado a gente era feliz...
- Ele gosta de você! ele gosta demais de você.
-...mas este último ano a gente tá sempre discutindo, a gente briga a toda hora.
- Por quê?
- Não sei; quer dizer, eu sei; eu sei mais ou menos, essas coisas a gente nunca sabe direito, mas eu sei que eu fui me sentindo sozinha... vazia... vazia de amor. Amor assim... de um homem. E claro que isso não tem nada a ver com o amor que eu sinto por você. E pelo Donatelo então nem se fala.
- Não se fala por quê? você gosta mais do Donatelo que de mim?
- Não, não, Rebeca! entende: é porque ele é tão pequeno ainda, e você já está ficando uma mocinha: então é um amor do mesmo tamanho mas um pouco diferente que eu sinto por vocês dois. Mas isso não tem nada a ver com... ah, Rebeca, como é que eu te explico? como é que eu te explico a paixão que eu senti por esse homem desde a primeira vez que a gente se viu.
- Ai! não aperta a minha mão assim.
- Se ele me diz vem te encontrar comigo, mesmo não querendo, eu vou; se ele fala que quer me abraçar, mesmo achando que eu não devo, eu deixo; tudo que eu faço de dia, cuidar de vocês, da casa, de tudo, eu faço feito dormindo: sempre sonhando com ele; e de noite eu fico acordada, só pensando, pensando nele.
- Ai, não...
- Ele diz eu gosto do teu cabelo é solto, eu digo é justo como eu não gosto, e é só ir dizendo isso pr'eu já ir soltando o cabelo; ele diz ás 5 horas eu te telefono, eu digo NÃO! eu não atendo, e já bem antes das 5 eu to junto do telefone esperando; só de chegar perto dele eu fico toda suando, e cada vez que eu fico longe eu só quero é ir pra perto, Rebeca! Rebeca! eu tô sem controle de mim mesma, como é que isso foi me acontecer, Rebeca?! Ele me disse que vai voltar pra terra dele e me levar junto com ele, eu disse logo eu não vou! sabendo tão bem aqui dentro que não querendo, não podendo, não devendo, é só ele me levar que eu vou. - Botou de palma pra cima as duas mãos da Rebeca e enterrou a cara lá dentro.
Ficaram assim.
- Isso é que é paixão? - Rebeca acabou perguntando.
A Mãe meio que sacudiu o ombro. Quietas de novo.
- Como é que... como é que ele se chama? esse cara.
- Nikos.
- Que nome esquisito.
- Ele é grego.
- Grego? e você entende o que ele fala? - A gente conversa em francês. Rebeca ficou olhando pro castelo desmanchado. Depois de um tempo suspirou:
- E ainda mais essa! com tanto homem no Brasil.

3. No sofá da sala

A Mãe bateu a porta do quarto e correu pra sala.
Já era tarde da noite, mas Rebeca estava acordada. Ouviu a Mãe soluçando. Levantou; olhou pro Donatelo na cama ao lado: dormindo. Correu pra sala. A Mãe estava jogada no sofá.
- Que foi?!
A Mãe tapou o choro com a almofada; o corpo ficou sacudindo.
- Mãe, que foi, que foi!
Estava escuro na sala. Mas o Pai abriu a porta do quarto e veio luz lá de dentro. Rebeca escorregou pro chão e ficou meio escondida atrás do sofá. O Pai chegou perto e falou com uma voz de raiva, de mágoa, uma voz que a Rebeca nunca tinha ouvido ele falar:
- Você tá chorando por quê? Quem tem que chorar sou eu e não você. Não sou eu que tô abandonando a minha família, é você; não sou eu que tô deixando os meus filhos pra lá: e você!
A Mãe tirou a almofada da cara; a voz saiu metade soluço, metade fala:
- Você não tá querendo entender: eu não tô deixando a Rebeca e o Donatelo: um dia eu volto pra buscar os dois.
- Você vai embora com esse estrangeiro pra viver lá do outro lado do mundo...
- Eu juro que eu volto!
-...mas o estrangeiro não quer as crianças, só quer você.
- Eu sei que eu acabo convencendo ele...
- E se um dia você convence ele, aí você vem buscar a Rebeca e o Donatelo, não é? Lindo!
- O que que eu posso fazer? ele não quer que eu leve as crianças agora.
- ELE NÃO QUER!! Então ele agora manda em você. Ele é um deus que desceu do Olimpo pra dizer o que ele quer e o que ele não quer que você faça.
Rebeca franziu a testa, ele é um deus que desceu de onde? E aí o Pai gritou:
- Pois eu também não quero, viu? eu não quero o que você quer. E você vai ter que escolher: ou fica ou leva as crianças com você agora.
- Mas eu não...
- Se você não leva elas agora, eu não deixo você levar nunca mais. Abandono do lar, da família, de tudo: a lei vai estar do meu lado. Então você escolhe: ou ele ou as crianças.

4. Na mesa do botequim

Rebeca saltou do ônibus, comprou um sorvete de chocolate e veio lambendo ele pela rua. Parou em frente do botequim da esquina: ué: não era o Pai sentado bem lá no fundo? Espiou: era, sim: entrou.
- Oi, pai.
O Pai levantou a cara do copo e olhou pra Rebeca feito custando pra lembrar quem é que ela era.
- Oôôooooo filhinha, o que que você tá fazendo por aqui?
- Eu, nada, e você?
- Eu, nada.
O sorvete pingou na calça do Pai.

O Pai ficou olhando triste pro pingo; depois falou:

- Senta. - Mas logo se arrependeu: - Quer dizer, não senta porque isso aqui não é lugar pra criança.

Mas Rebeca já tinha sentado, e o moço do botequim já tinha trazido um outro copo cheio pro Pai beber. O Pai bebeu enquanto Rebeca acabava o sorvete, comia a casquinha, dava uma lambida em cada dedo, enxugava eles na saia e suspirava de pena do sorvete ter acabado. O Pai suspirou também:
- A tua mãe não gosta mais de mim.
Rebeca olhou pra mesa: cheia de copo vazio. Será que era o Pai que tinha bebido aquilo tudo?
- E eu gosto tanto dela! Agora então que ela vai me deixar parece até que eu gosto mais.
Rebeca olhou pro Pai; achou que o olho dele estava parecendo de vidro.
- Duvido que esse gringo goste dela do jeito que eu gosto. Nem metade, aposto. Nem metade da metade da me... - Foi se esquecendo da outra metade; ficou olhando pra Rebeca.
- Que que você tá me olhando assim, pai? parece até que você nunca me viu.
- Como você é parecida com ela! Tudo. A boca, o cabelo, o jeito de olhar. E agora que eu to percebendo: o teu nariz também é igualzinho ao dela, até um pouco de sarda na ponta ele tem; engraçado, eu ainda não tinha reparado. - Debruçou mais na mesa pra olhar pro nariz da Rebeca, derrubou um copo no caminho; desanimou.
Rebeca debruçou também:
- Eu vou pedir pra mãe não ir. Eu vou pedir tão forte, que ela não vai, você vai ver.
O Pai fechou o olho:
- Eu queria que o tempo já tivesse passado e que eu já tivesse me esquecido dela.
- Eu vou pedir pra ela não ir embora; deixa comigo, pai.
- Eu queria que você e o Donatelo já fossem grandes. O que que eu vou fazer com vocês dois? me diz, me diz! Eu não tenho jeito com criança.
- Eu vou pedir.
- O que que eu faço com vocês dois, Rebeca?
- Deixa comigo, pai, eu te prometo que eu não deixo a mãe dizer tchau pra gente.
- Promete?
- Prometo. E agora para de beber, tá? - Tá.

5. A mala

Rebeca fingiu que nem tinha visto a mala da Mãe aberta em cima da cama e já quase pronta pra fechar.
Voltou pro quarto.
Sentou.
Fingiu que estava desenhando um barco.
Fingiu que nem estava escutando a Mãe querendo se despedir do Pai, e o Pai não deixando a Mãe acabar de falar, saindo zangado, batendo com a porta.
Foi riscando no papel com força, o lápis pra cá e pra lá cada vez com mais força, tlá! a ponta quebrou.
Ouviu a Mãe indo na sala; depois no banheiro.
Correu na ponta do pé pra espiar, ah! a mala. Já fechada. No chão. Junto da porta. Pronta pra sair.
Voltou correndo pro quarto; sentou de novo; pegou o lápis, fez ponta depressa, o coração num toque-toque medonho; desatou de novo a riscar.
Parou o lápis; escutou a Mãe discando telefone, chamando um táxi, explicando que era pro aeroporto.
De rabo de olho viu a Mãe entrar no quarto, sentar na cama do Donatelo, ficar olhando ele dormir.
Viu que a Mãe estava de meia, de sapato fechado, de capa de chuva, de bolsa a tiracolo, de cara lavada (de choro?), tão diferente de todo dia.
Viu a Mãe alisando o cabelo do Donatelo; fazendo festa nele de leve; a mão indo e vindo, bem de leve; indo e vindo. Viu tudo de rabo de olho e foi riscando forte, mais forte, mais tlá! a ponta do lápis quebrou outra vez.
A Mãe parou de fazer festa na cabeça do Donatelo e ficou sem se mexer.
Rebeca ficou que nem a Mãe: sem se virar, sem falar, sem perguntar.
O tempo foi passando.
Passando.
Até que de repente a buzina do táxi tocou lá fora e a Mãe levantou num pulo de susto.
Rebeca também. E se virou. Ao mesmo tempo que a Mãe se virava. E as duas se olharam com medo, e a Mãe correu e abraçou Rebeca com força, demorado, bem apertado, ai! Rebeca fechou o olho: que troço danado pra doer aquele abraço.
A Mãe largou a Rebeca, correu pra sala, abriu a porta.
Mas Rebeca já estava atrás dela; e puxou a mala:
- Mãe; não vai! eu já te pedi tanto, que eu não ia pedir mais, mas você tá indo mesmo e eu tenho que pedir de novo, não vai não vai não vai!!
A Mãe cochichou depressa:
- Por favor, Rebeca, me entende, me perdoa, me entende, eu tenho que ir, é mais forte que tudo. Mas eu já te prometi: eu volto.
- Diz pra ele que não! você não vai.
A Mãe pegou a mala. Rebeca não largou.
A Mãe puxou a mala. Rebeca puxou também.
A Mãe puxou mais forte. Rebeca ficou agarrada na mala.
O táxi buzinou de novo. As duas se olharam. O olho da Mãe pedindo por favor. O olho da Rebeca também: por favor.
A Mãe estava de boca apertada; de testa enrugada. E não quis mais olhar pra Rebeca no olho; e puxou a mala com toda a força, querendo arrancar ela da mão da Rebeca.
Mas Rebeca não se soltou da mala e foi sendo arrastada no puxão.
A buzina do táxi de novo, e mais comprido dessa vez.
A Mãe soltou a mala; fechou o olho; apertou a testa com a mão feito coisa que estava sentindo uma tonteira ou uma dor de cabeça muito forte.
Rebeca aproveitou pra se agarrar na mala de um jeito que pra Mãe levantar a mala ia ter que levantar a Rebeca também.
E outra vez a buzina tocou.
A Mãe abriu o olho (parecia que a tonteira tinha passado), disse:
- Tchau. - E saiu correndo.

6. O pai volta tarde e encontra um bilhete no travesseiro

Querido pai
Não deu para eu cumprir a promessa. A Mãe foi mesmo embora.
Mas a mala dela ficou. E eu acho que assim, sem mala, sem roupa para trocar, sem escova de dente nem nada, não vai dar para a Mãe ficar muito tempo sem voltar. Não sei. Vamos ver. Eu arrastei a mala e escondi ela debaixo da sua cama, viu?

Um beijo da
Rebeca.


Comentário nosso sobre o texto Tchau:
Esse texto traz um relato comovente de um fato que está sendo cada vez mais comum nas famílias atuais, estamos nos referindo à separação conjugal onde os que mais sofrem são os filhos. No texto, o sofrimento desses filhos é ainda maior, pois a mãe deixou as crianças com o pai para ir morar em outro país com outro homem pelo qual ela se apaixonou, ela prometeu que voltaria para buscar essas crianças, mas será que essa promessa realmente vai se cumprir? O texto não deixa isso claro. No entanto, o que chama a nossa atenção é a atitude da mãe que para viver uma paixão abre mão da própria família. Ficam então para reflexões dos leitores as seguintes perguntas: até que ponto vale apenas abrir mão do bem comum da família para viver o seu próprio bem? Ou até que ponto vale apenas sufocar a sua própria vida pelo bem comum da família?

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Nossa contação de histórias


       Olá pessoal, queremos compartilhar com vocês a experiência que tivemos com a contação de histórias. Essa contação foi feita na Escola Pública Municipal Antônio Brandão essa escola é referência em educação inclusiva na região do Tabuleiro do Martins.  Escolhemos uma escola pública pelo fato de essas crianças não terem muito acesso a literatura infantil. Abaixo estão os links que mostram o momento da contação.


Esse vídeo é da Angélica que contou a história de Romeu e Julieta de Ruth Rocha para crianças do 1º ano e 3° ano do Ensino Fundamental. Essas crianças participaram respondendo a perguntas sobre a história e fazendo desenhos. 

Desenhos das crianças do 1° ano
Desenhos das crianças do 3° ano
Cadeirante fasendo um desenho sobre a história
  


Sinopse: Um reino colorido e cheio de flores, onde as coisas são separadas pelas cores. Tudo muito lindo para cheirar e ver, mas quem mora ali nem pode conhecer! Será que a cor das asas de Romeu e Julieta vai mesmo separar essas crianças-borboletas?



    
A Rosângela Contou a história da bruxa Salomé de Audrey Wood para crianças do 2º ano do Ensino Fundamental. 

  
Ao final da contação as crianças fizeram desenhos sobre a história os quais foram colocados na parede para socialização de todos.
Desenhos das crianças do 2° ano

Sinópse: A pobre mãe disse às crianças para não abrirem a porta para ninguém. Mas não contava com a bruxa Salomé, que, muito esperta, usou o truque do pé...

   Essa foi uma experiência maravilhosa, pois vimos nos olhos dos alunos à alegria de estar participando daquele momento mágico que mexe com o nosso imaginário. Ficamos muito satisfeitas por poder levar a essa escola uma pequena contribuição e incentivo a leitura da literatura infantil pelos alunos e professores.


segunda-feira, 23 de abril de 2012

O que são Lendas?


Lendas 

    São narrativas baseadas na tradição oral onde são relatados acontecimentos numa mistura entre o referencial histórico e o imaginário. As lendas têm caráter anônimo e geralmente são marcadas por sentimentos de fatalidades.

 

Os pajés tupis-guaranis, contavam que, no começo do mundo, toda vez que a Lua se escondia no horizonte, parecendo descer por trás das serras, ia viver com suas virgens prediletas. Diziam ainda que se a Lua gostava de uma jovem, a transformava em estrela do Céu. Naiá, filha de um chefe e princesa da tribo, ficou impressionada com a história. Então, à noite, quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, Ela querendo ser transformada em estrela, subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse.
E assim fazia todas as noites, durante muito tempo. Mas a Lua parecia não notá-la e dava para ouvir seus soluços de tristeza ao longe. Em uma noite, a índia viu, nas águas límpidas de um lago, a figura da lua. A pobre moça, imaginando que a lua havia chegado para buscá-la, se atirou nas águas profundas do lago e nunca mais foi vista.
A lua, quis recompensar o sacrifício da bela jovem, e resolveu transformá-la em uma estrela diferente, daquelas que brilham no céu. Transformou-a então numa "Estrela das Águas", que é a planta Vitória Régia. Assim, nasceu uma planta cujas flores perfumadas e brancas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.

Origem: Indígena. Para eles assim nasceu a vitória-régia.
 


O que são Contos de Fadas?


 
Contos de Fadas
        Os Contos de fada narram uma história onde há a mistura da realidade a fantasia. Os contos são perpassados até hoje por possuir sabedoria popular. Seu enredo básico inicia-se com a apresentação de obstáculos ao herói que posteriormente os vence alcançando sua auto  realização.
        As fadas que fazem parte dos contos tornaram-se conhecidas como seres fantásticos ou imaginários, de grande beleza, que se apresentavam sob forma de mulher. Dotadas de virtudes e poderes sobrenaturais. Podem, ainda, encarnar o Mal e apresentarem-se como o avesso da imagem anterior, isto é, como bruxas.




 
Há muito tempo, num reino distante, viviam um rei, uma rainha e sua filhinha, a princesa Branca de Neve. Sua pele era branca como a neve, os lábios vermelhos como o sangue e
os cabelos pretos como o ébano.
Um dia, a rainha ficou muito doente e morreu. O rei, sentindo-se muito sozinho, casou-se novamente. O que ninguém sabia é que a nova rainha era uma feiticeira cruel, invejosa e muito vaidosa. Ela possuía um espelho mágico, para o qual perguntava todos os dias:
— Espelho, espelho meu! Há no mundo alguém mais bela
do que eu?
— És a mais bela de todas as mulheres, minha rainha!
— respondia ele.
Branca de Neve crescia e ficava cada vez mais bonita,
encantadora e meiga. Todos gostavam muito dela, exceto a rainha,
pois tinha medo que Branca de Neve se tornasse mais bonita que ela.
Depois que o rei morreu, a rainha obrigava a princesa a
vestir-se com trapos e a trabalhar na limpeza e na arrumação de
todo o castelo. Branca de Neve passava os dias lavando, passando e
esfregando, mas não reclamava. Era meiga, educada e amada por
todos.
Um dia, como de costume, a rainha perguntou ao espelho:
— Espelho, espelho meu! Há no mundo alguém mais bela
do que eu?
— Sim, minha rainha! Branca de Neve é agora a mais
bela!
A rainha ficou furiosa, pois queria ser a mais bela para
sempre. Imediatamente mandou chamar seu melhor caçador e ordenou
que ele matasse a princesa e trouxesse seu coração numa caixa.
No dia seguinte, ele convidou a menina para um passeio na
floresta, mas não a matou.
— Princesa, — disse ele — a rainha ordenou
que eu a mate, mas não posso fazer isso. Eu a vi crescer e sempre
fui leal a seu pai.
— A rainha?! Mas, por quê? — perguntou a
princesa.
— Infelizmente não sei, mas não vou obedecer a rainha
dessa vez. Fuja, princesa, e por favor não volte ao castelo,
porque ela é capaz de matá-la!
Branca de Neve correu pela floresta muito assustada,
chorando, sem ter para onde ir.
O caçador matou uma gazela, colocou seu coração numa caixa e
levou para a rainha, que ficou bastante satisfeita, pensando que a
enteada estava morta.
Anoiteceu. Branca de Neve vagou pela floresta até encontrar
uma cabana. Era pequena e muito graciosa. Parecia habitada por
crianças, pois tudo ali era pequeno.
A casa estava muito desarrumada e suja, mas Branca de Neve
lavou a louça, as roupas e varreu a casa. No andar de cima da
casinha encontrou sete caminhas, uma ao lado da outra. A moça
estava tão cansada que juntou as caminhas, deitou-se e dormiu.
Os donos da cabana eram sete anõezinhos que, ao voltarem
para casa, se assustaram ao ver tudo arrumado e limpo.
Os sete homenzinhos subiram a escada e ficaram muito
espantados ao encontrar uma linda jovem dormindo em suas camas.
Branca de Neve acordou e contou sua história para os anões,
que logo se afeiçoaram a ela e a convidaram para morar com eles.
O tempo passou… Um dia, a rainha resolveu consultar
novamente seu espelho e descobriu que a princesa continuava viva.
Ficou furiosa. Fez uma poção venenosa, que colocou dentro de uma
maçã, e transformou-se numa velhinha maltrapilha.
— Uma mordida nesta maçã fará Branca de Neve dormir
para sempre — disse a bruxa.
No dia seguinte, os anões saíram para trabalhar e Branca de
Neve ficou sozinha.
Pouco depois, a velha maltrapilha chegou perto da janela da
cozinha. A princesa ofereceu-lhe um copo d’água e
conversou com ela.
— Muito obrigada! — falou a velhinha —
coma uma maçã… eu faço questão!
No mesmo instante em que mordeu a maçã, a princesa caiu
desmaiada no chão. Os anões, alertados pelos animais da floresta,
chegaram na cabana enquanto a rainha fugia. Na fuga, ela acabou
caindo num abismo e morreu.
Os anõezinhos encontraram Branca de Neve caída, como se
estivesse dormindo. Então colocaram-na num lindo caixão de
cristal, em uma clareira e ficaram vigiando noite e dia,
esperando que um dia ela acordasse.
Um certo dia, chegou até a clareira um príncipe do reino
vizinho e logo que viu Branca de Neve se apaixonou por ela. Ele pediu aos anões que o deixassem levar o corpo da princesa para seu castelo, e prometeu que velaria por ela.
Os anões concordaram e, quando foram erguer o caixão, este caiu, fazendo com que o pedaço de maçã que estava alojado na garganta de Branca de Neve saísse por sua boca, desfazendo o feitiço e acordando a princesa. Quando a moça viu o príncipe, se apaixonou por ele. Branca de Neve despediu-se dos sete anões e partiu junto com o príncipe para um castelo distante onde se
casaram e foram felizes para sempre.